18.1.11


Lembro bem que era final de agosto, de tardezinha e céu estava divido entre tons de amarelo e rosa. Foi quando eu tive coragem, Baiano. Olhei, pela primeira vez, nos olhos de Deus. E pedi. Ah, Baiano, pedi tanto e intenso para que você se livrasse do gosto ruim, para que os seus olhinhos voltassem a brilhar. Era um pedido de encontro e de sumiço. Pedi como nunca ousei fazer nem pra mim. Sempre rezava escondida no escuro do meu quarto, porque assim tinha a ilusão de que Ele não poderia me enxergar. Fechava os olhos, com medo de encará-lo de frente.


Mas você é bom, Baiano. Que chega a dar raiva. De mim, desse mundo sem alma, dessas pessoas rasas. Você é diferente. Por você, era possível olhar nos olhos de Deus. Para você, qualquer pedido se tornaria irresistível. Deus não negaria.

E mesmo assim, ainda que você não fosse bom, sensível, carinhoso, inteligente, divertido, com uma qualidade de raras virtudes, eu pediria. Todos os dias, todas as horas. Porque eu sabia, desde o primeiro momento, que você traria algo muito bom para a minha vida. E trouxe. E ficou. Pra sempre. Com você, Baiano, aprendi a olhar nos olhos de Deus. E confiar.

Dessa vez, Ele não disse nada, mas eu senti.




14.01.2011 às 16:42